EVENTO | Nossa participação no Workshop da Abapa
- Marcelo Kortz
- 30 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de jun.

Qualidade da fibra em foco: Abapa realizou workshop com agentes da cadeia produtiva
Em 14 de maio, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) reuniu mais de 200 pessoas, entre produtores e técnicos do setor, em Luís Eduardo Magalhães (BA), para o Workshop Qualidade da Fibra. O evento discutiu as melhores práticas de manejo pré e pós-colheita, o controle do tegumento e estratégias para evitar contaminações por plásticos — pontos cruciais para garantir o alto padrão da fibra brasileira. A Bahia, segundo maior estado produtor de algodão do país, foi uma das três escolhidas pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) para sediar o seminário. A seleção deve ao crescimento da produção que, ao lado do Maranhão, Piauí e Tocantins, tem ampliado sua importância no cenário nacional. Os outros estados que também recebem o evento são Goiás e Mato Grosso.
O objetivo foi avançar na padronização e na excelência da fibra, reforçando o posicionamento do algodão brasileiro nos mercados internacionais mais exigentes. “A qualidade é um dos quatro compromissos do algodão brasileiro, assim como a sustentabilidade, a rastreabilidade e a promoção. Confiança é um valor muito importante na vida, e no mercado de algodão, é fundamental para garantir o cumprimento dos contratos, para diminuir controvérsias e a necessidade de arbitragens. Isso ajuda a fortalecer a imagem do nosso produto: reflete no based e, consequentemente, em mais valorização para nossa fibra e remuneração para o produtor”, disse Alessandra Zanotto Costa, presidente da Abapa, durante a abertura do encontro.
Entre as características intrínsecas da fibra avaliadas nas análises por instrumentos de alto volume, ocorreram avanços em índices como resistência, comprimento UHML, uniformidade, índice de fibras curtas e grau de reflexão. Porém, a presença de contaminantes, considerados extrínsecos à fibra, pode ocasionar ajustes na classificação e descontos na comercialização.
“Avançamos muito na produção de algodão e nos tornamos o maior exportador da pluma desde 2024. Com isso, aumentamos o nosso desafio em garantir um produto de qualidade e suas negociações. Portanto, precisamos conscientizar os produtores e toda a sua cadeia na busca dessas melhorias ordinárias pelo mercado”, explicou Edson Mizoguchi, gestor do Programa SBRHVI da Abrapa.
Na ocasião, ele palestrou sobre qualidade e transparência como valor agregado ao algodão brasileiro, a partir dos programas SBRHVI e de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), certificação oficial do governo federal que atesta os indicadores de qualidade do algodão nacional. “O programa SBRHVI e o PQAB têm dados de qualidade garantidos cada vez mais confiáveis e transparentes. E, por isso, melhores. Mas, há outros aspectos que são desafiadores e que ainda não medimos, como as contaminações”, reiterou Mizoguchi.
Impactos
Para mitigar o problema de contaminação, especialistas de diversas áreas da cadeia produtiva do algodão compartilharam conhecimentos e experiências para melhorar a qualidade da fibra brasileira e fortalecer sua imagem no mercado internacional, durante o workshop.
A programação contém um painel sobre os impactos das características de qualidade e contaminações do algodão nos mercados nacionais e internacionais. O tema foi abordado por Sérgio Benevides, Diretor de Comercialização de Algodão da Cia Valença; Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa; e Ariel Coelho, diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Os palestrantes destacaram como atributos inadequados da fibra, como presença de plásticos e tegumento, comprometendo a competitividade do algodão brasileiro junto a clientes no exterior.
Na sequência, o debate voltou às posições das empresas obtentoras de sementes sobre as variedades mais aprovadas com as demandas do mercado por qualidade e menor risco de contaminação. Haniel Sousa, representante técnico de vendas (RTV) da área comercial da Bayer, e Allan Silva, da Basf, avaliaram os avanços genéticos das cultivares mais recentes, com foco em uniformidade, resistência e qualidade da fibra.
As boas práticas do campo à colheita foram tema da palestra de Pedro Brugnera, assessor agronômico da Círculo Verde Consultoria, e Marcelo Kortz, sócio-diretor da MLK Consultoria, que enfatizaram o impacto direto da condução da lavoura nos índices de vigor, pureza e rendimento da fibra após o beneficiamento.
Para tratar do pós-colheita, Edmilson Santos, consultor da DE-Cotton, apresentou recomendações para garantir a qualidade do algodão do beneficiamento ao transporte, com ênfase no controle de contaminações, armazenamento e fornecimento adequado dos fardos.
Encerrando o ciclo de palestras, Fábio Licata, gerente comercial do Tecon SSA (Terminal de Contêineres do Porto de Salvador), e Mayron Kaneko, especialista comercial da Wilson Sons, abordaram as boas práticas logísticas na exportação do algodão, destacando os desafios operacionais de escoamento da produção pelo local.A presença de profissionais proporcionou uma visão completa da cadeia produtiva, reforçando o compromisso da Abapa com a excelência da fibra baiana — do campo ao mercado global.
Plano de Ação
O evento mostrou a necessidade de implementação de ações de capacitação e treinamento, com foco em melhorias na comunicação — especialmente entre algodoeira e trabalho, e entre algodoeira e indústria. Também foram identificadas oportunidades de aprimoramento no manejo da mão de obra.
“Anunciamos a criação do Programa de Qualidade da Fibra, voltado à valorização do algodão baiano. A iniciativa contará com uma rede colaborativa, reunindo representantes de toda a cadeia: sementes e insumos, consultores, agrônomos, técnicos, academia, produtores, algodoeiras, indústria têxtil, transporte rodoviário e marítimo”, explicou Gustavo Prado, diretor executivo da Abapa.
Essa rede irá incluir um comitê multissetorial, com reuniões periódicas. Em 2026, uma nova edição do workshop apresentará os resultados das ações realizadas e norteará o planejamento estratégico para o próximo ciclo.
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